Museu Submarino em Cancun (México)
As estátuas, são feitas com material anticorrosivo e de baixa acidez,
desenhadas para parecerem pedras, sejam transformadas com o tempo em
recifes artificiais. Algumas serão instaladas em águas rasas para os
praticantes de snorkelling.
- Queria construir um cenário impressionante onde se pode nadar
através de um mar de rostos - disse Jason de Caíres Taylor, o artista
britânico por trás do Museu Subaquático.
O objetivo é seduzir parte dos 800 mil turistas que visitam o vasto parque marinho de Cancún a cada ano - e atraí-los para longe dos recifes naturais de coral, fragilizados por tempestades, poluição e aquecimento global. Isso porque mergulhadores amadores descuidados podem causar ainda mais danos a uma estrutura subaquática tão delicada, que constitui estes animais minúsculos, chamados de pólipos de coral, que crescem apenas poucos centímetros a cada ano.
- Os gestores do parque queriam uma alternativa para administrar a visitação. A ideia era concentrar todos os turistas num único local - disse de Caíres Taylor, que também construiu um parque de escultura em Grenada, no Caribe Ocidental.
O conjunto de 400 estátuas, que pesa 180 toneladas no total, e que será batizado de "Evolução Silenciosa", está sendo instalado numa área árida e plana de expansão do parque marinho, entre Cancún e as ilhas vizinhas. Imagina-se que, quando os corais começarem a crescer sobre as estátuas, criarão um visual mágico. Mas nem todos estão convencidos que o trabalho artístico combine com o mundo submarino:
- Há pessoas que gostam, mas há quem diga que não tem nada a ver com o ambiente em volta, questionando porque as esculturas foram postas ali - disse Francisco Ruiz, instrutor de mergulho há 20 anos.
Recifes de corais, geralmente chamados de florestas do oceano, abrigam mais de um quarto da vida marinha, embora eles cubram menos de 1% do solo dos oceanos. Mas cientistas afirmam que aproximadamente 30% dos coloridos recifes que parecem jardins de pedras já estão perdidos e que outros dois terços espalhados pelo mundo encontram-se seriamente ameaçados.
Na orla talhada pelo homem de Cancún, uma faixa de hotéis imponentes impulsionou um crescimento populacional na antes selvagem Península de Yucatán. Alguns ambientalistas vêem os recifes artificiais como uma forma tímida de proteger os fragmentos de corais que ainda restam.
Através dos anos, tudo desde vagões de metrô de Nova York a pneus velhos vêem sendo lançados no fundo dos oceanos na esperança de que a sucata se transforme em abrigo para os peixes. Mas recifes artificiais inadequados podem causar mais mal do que bem, devastando ecossistemas dos oceanos, de acordo com Roberto Iglesias, especialista da Universidade Autônoma Nacional do México (Unam).
- No caso de serem derrubados por um furacão, por exemplo, o efeito seria exatamente o contrário. Então esta tem sido nossa principal preocupação aqui em Cancún, usando estruturas sólidas - disse Roy Taylor, pai do artista britânico e que serviu de modelo para a estátua do "Colecionador".